A parcela dos peemedebistas que é contra formar chapa junto com Dilma cresceu em relação a 2010
A aliança, defendida pelo senador cearense Eunício Oliveira
(segundo à esquerda) foi aprovada por 398 (59,1%) votos convencionais
FOTO: DIVULGAÇÃO
O deputado federal Danilo Forte está entre os peemedebistas descontentes com a aliança
Foto: Alex Costa
Brasília. O PMDB aprovou ontem em convenção nacional o
apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), mas com
engajamento muito menor hoje do que o registrado dentro do partido na
campanha de 2010. Há quatro anos, o apoio à petista, então estreante nas
urnas, foi de 84,8%. Desta vez, só 59,1% dos delegados do PMDB
aprovaram a coligação. Os contrários alcançaram 40,9% dos votos.
O vice-presidente da República Michel Temer, que trabalhou intensamente
pela aliança, disse que não ficou frustrado com os números da
convenção, mas aproveitou a situação para declarar que cobrará mais
participação no governo - uma das principais queixas dos dissidentes do
partido. "Estamos construindo um programa de governo para o País e vamos
entregá-lo à presidente Dilma", afirmou.
"Teremos uma parcela muito ativa no governo. Não seremos apenas
aliados; seremos o próprio governo". O índice de apoio à reeleição
dentro do PMDB não só é inferior à votação da convenção de 2010, como
também ficou abaixo do que previam líderes do partido. Até a véspera do
evento, a cúpula da sigla esperava apoio de 70% dos delegados.
Dilma só chegou à convenção após o anúncio do resultado e procurou
demonstrar confiança na vitória em outubro. "Nós juntos vencemos a
eleição em 2010 e juntos nós vamos vencer a eleição em 2014. Juntos
vamos fazer o Brasil andar pra frente", afirmou a petista.
Dilma também agradeceu o apoio do PMDB à aprovação de projetos
considerados prioritários pelo governo, apesar da "forte oposição" dos
adversários. Criticada por adversários pela aliança com setores do PMDB
considerados "retrógrados", Dilma afirmou: "Estamos aliados ao que há de
mais moderno no País".
Palanque eletrônico
A aliança com o PMDB assegura a Dilma pelo menos mais 2 minutos e 18
segundos em cada bloco diário da propaganda política, que começa em
agosto. O PT, detentor da maior bancada da Câmara, tem sozinho 2 minutos
e 47 segundos. Como o PDT - que tem cerca de meio minuto de propaganda -
também fechou ontem o apoio a Dilma, só num dia a presidente agregou
quase três minutos na TV.
Dilma e o PT deram prioridade a firmar as alianças de olho no tempo de
televisão, independentemente das dissidências internas e nos Estados. No
PMDB, a divisão nas disputas regionais ficou explícita ontem, a exemplo
do que ocorre em alguns dos principais colégios eleitorais, como Ceará,
Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
A ala rebelde chegou a distribuir um documento com críticas ao governo
Dilma, citando o aumento da violência, problemas na saúde pública,
desestru- turação do setor elétrico, denúncias de corrupção na Petrobras
e a "condução intervencionista e populista da economia".
Maioria no Ceará quer apoiar Dilma
Brasília/Sucursal. O Ceará, que contabiliza 52 votos
na convenção do PMDB, foi um dos Estados que apoiou, em sua maioria, a
coligação com os petistas. Os 35 convencionais (alguns deles têm direito
a mais de um voto) que vieram à Capital Federal votaram confirmando o
apoio à coligação com o PT e apoiaram integralmente a candidatura do
senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) ao governo do Estado. Recebido com
festa pelos correligionários, Eunício disse que o trabalho feito pelo
PMDB no Ceará, "ouvindo e apresentando sugestões que possam colaborar
com o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado e do País. As
manifestações são resultado deste trabalho", disse.
Após a proclamação do resultado, a presidente Dilma Rousseff foi à
convenção para agradecer o apoio e aproveitou a oportunidade para
criticar a oposição, afirmando que eles não têm programa e "tentam
somente reeditar programas de governo já feitos pelo PT".
Descontentes
O deputado Danilo Forte (PMDB-CE), um dos convencionais da bancada na
Câmara, está entre os peemedebistas descontentes com o espaço do partido
dentro do governo e antes da convenção já havia demonstrado sua
insatisfação. "Em um momento em que a inflação está voltando, os
investimentos estão diminuindo e obras não estão sendo concluídas, o que
temos que avaliar é se vale a pena dar continuidade a um governo que
não sabe resolver seus problemas", afirmou Forte. Após a divulgação do
resultado, ele não mudou o discurso, mas disse que "chegou a hora do
partido se reencontrar com sua história de lutas. É forte em busca de
uma mudança. O partido quer maior participação no governo", disse.
Rose Ane Silveira
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste